A guerra das emissões, Portugal e a oportunidade Tesla
João Pedro Marques
A guerra das emissões, Portugal e a oportunidade Tesla
Poucas pessoas se aperceberam que a indústria automóvel enfrenta um momento de viragem único no que toca às emissões dos novos modelos. Na Europa e na Suíça os carros novos vão ter que passar em testes de emissões de gases de escape mais rigorosos já a partir de outubro, sendo que percursos reais só irão começar a ser utilizados em 2020. A Alemanha está na linha da frente dos críticos à nova legislação que visa tornar os testes mais rigorosos, ou seja, semelhantes à utilização normal de um veículo. Do outro lado já se posicionou a Dinamarca, assinando o memorando que apoia a decisão para já em vigor. O socialista Christel Schaldemose, envolvido com o comité europeu que estudou as possibilidades para o diesel, refere ainda que não pode haver qualquer ligação entre a indústria automóvel e as entidades que verificam e aprovam os carros.
As alterações à lei são algo repentinas mas impulsionadas pelo escândalo da Volkswagen, que revelou a existência de software a limitar as emissões de NOx, apenas durante os testes de controlo em laboratório. De seguida, várias organizações ambientais puseram à prova outras marcas e verificam que a poluição chega a ser 6 vezes superior à sua homologação segundo Norma Euro 6 standard.
Neste contexto de impactos na bolsa e alterações nos hábitos de compra, é importante analisar o ponto de situação nacional, numa perspetiva a curto e médio prazo. Se é um facto que a Alemanha está contra a legislação que vai entrar em vigor já em outubro, também é verdade que o lobby está ligado à posição tomada pelo governo. Não foi com automóveis elétricos que as empresas alemãs conquistaram o mercado, com o conjunto mais alargado de marcas e maior volume de vendas na Europa.
Dados divulgados recentemente pela Agência Europeia do Ambiente revelam que somos o país líder na eficiência e nas emissões de carros novos, ultrapassando a Holanda. A Zero identifica o reduzido tamanho dos veículos como fator importante para alcançar o 1.° lugar, e que tal pode também decorrer dos baixos salários e não simplesmente de opções derivadas de uma maior literacia ambiental. Em 2016 houve um recuo nos incentivos à compra de veículos totalmente elétricos e híbridos, traduzindo-se na descida em 1 ponto percentual face a 2015, quando perfaziam 1,2 % do total de vendas. Este fraco resultado em vendas deriva também de um desinteresse geral do mercado, que ainda não está a par das vantagens dos modelos elétricos mais recentes, capazes de alcançar autonomias superiores a 300km.
Portugal não tomou uma posição sobre a nova legislação, mas uma posição clara a favor de testes mais reais às emissões pode transmitir uma mensagem de segurança aos investidores que queiram apostar no lançamento de veículos elétricos, num mercado liderado pelo diesel, mas abandonado dos planos de investigação dadas as dificuldades em lançar carros tão eficientes e de emissões limpas.
Por 35 mil euros, o elétrico que conduz por si e tem 300km reais de autonomia associados a muita emoção chega já no final de 2017. Falamos do Tesla Model 3 e mesmo quando nada se sabia sobre ele, já existiam 100 mil reservas. Este modelo já foi fotografado nas traseiras da pista da SpaceX, a primeira empresa a realizar um voo privado ao espaço. É o carro que vai mudar o mundo automóvel, como a Apple e o iPhone mudaram os telemóveis e as marcas que lideravam. Já estão previstos SUV's, pick-ups e camiões elétricos para 2020-2025!
A Tesla é uma empresa de transportes e energia, que vende veículos elétricos através da Tesla Motors, e baterias estacionárias para o mercado doméstico e comercial pela Tesla Energy. Elon, Musk, 45 anos, é empresário, inventor, investidor, físico, engenheiro e economista. Musk é CEO e Chefe de Design da Tesla. Foi Co-Fundador do sistema PayPal de pagamento online e na sua categoria é o mais utilizado. Na empresa SpaceX é CEO e acumula o cargo de Diretor Chefe da Tecnologia. Esta mesma empresa fez história no dia 25 de maio de 2012 ao realizar o primeiro voo privado de reabastecimento da Estação Espacial Internacional. Em 2013, o inventor apresentou o Hyperloop, um novo conceito de transporte de alta velocidade e no qual já trabalham 400 engenheiro da Boeing e da SpaceX.
Na Gigafactory-1 da Tesla, no Nevada, estão em curso construções no valor de 1 Bilião de Dólares e são muitos milhares de postos de trabalho criados na obra, e cerca de 10 000 em pleno funcionamento. Toda a energia utilizada pela fábrica provém de energia solar e por isso é uma fábrica diferente do habitual.
Foto: Teslarati
De Mattos Sébastien, um ativista defensor da vinda da Tesla Motors para Portugal, lança a questão “Que nome se dá a um local onde se constroem carros, mas que não tem fumos, nem cheiros, nem efluentes e nem ruídos? Querem uma fábrica melhor? Esta fábrica foge bastante ao conceito de fábrica”. A oportunidade de ter em Portugal um concorrente da indústria automóvel capaz de fazer a transição para os veículos elétricos na Europa depende da posição e interesse que o governo português demonstrar.
No blog https://teslanow.blogspot.pt podemos ver parte de um documento com as conclusões preliminares para a Tesla poder vir para Portugal. Embora haja alguns entraves, parece que o principal fator para ficarmos sem a construtora de veículos elétricos é o mesmo de sempre, o dinheiro. A vontade política é de que o financiamento para a construção seja 100 % privado, seguindo-se os apoios fiscais para balancear o retorno. Noutro artigo do mesmo autor para chamar a atenção de Elon Musk, são expostas 19 razões para a Tesla escolher o nosso país ao invés de Espanha ou outros concorrentes Europeus. Entre as quais estão:
Os acessos aos portos e consequente ligação à Europa e ao Mundo; o acesso à rede ferroviária; o eventual aeroporto do Montijo nos próximos anos; mais de 20 000 engenheiros e cientistas formados todos os anos, com fluência em inglês; a acessibilidade às reservas de lítio por sermos o 5.º país do mundo com mais reserva; Know-how em obras de elevada complexidade; o fundamental acesso aos dias soalheiros. Para ajudar visualmente a Tesla recebeu e partilhou o vídeo que incentiva a marca a vir para Portugal.
Para infelicidade dos cidadãos Europeus, ainda não houve consenso entre o poder político e Elon Musk, pelo que as suas atenções estão agora concentradas na China. O processo está a ser dirigido de forma célere e ao que tudo indica a Gigafactory-3 vai estar em funcionamento antes da Gigafactory-2 estar sequer decidida. Nesta guerra de emissões e de mudanças, as fileiras estão mais cerradas que nunca e queremos com este artigo divulgar a importância e a oportunidade de ter uma Gigafactory da Tesla em Portugal, como pedra angular do crescimento sustentável em Portugal, assente numa imagem nacional renovada, baseada no respeito pelo ambiente e no emprego qualificado, atraindo ECOempresas.
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